Dormir mal pode elevar os níveis de estresse e causar alterações hormonais
Um dos principais vilões para a saúde e principal responsável por uma série de doenças e distúrbios é o estresse. Segundo a ISMA-BR (International Stress Management Association), associação internacional voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento de estresse, cerca de 70% da população economicamente ativa é atingida pelo problema no país. A sobrecarga de atividades, o esgotamento e a falta de tempo para o lazer também acabam prejudicando o sono, responsável, justamente, por recuperar o indivíduo ajudar na produção de hormônios responsáveis pelo bem-estar.
Dormir quatro horas por noite fazia parte da rotina da empresária Maria Lúcia Santini. Trabalhando em um ritmo frenético e, ao mesmo tempo, tomando conta de outras atividades rotineiras, costumava ir deitar-se sempre por volta das onze horas da noite. Conseguia descansar por algumas horas e despertava em seguida. Tentava todas as “artimanhas” para voltar a dormir, mas nenhuma dava certo. “Lia, ficava deitada na cama tentando relaxar, tomava alguma coisa quente e nada adiantava; no outro dia, me sentia morta”, conta. As dores musculares logo apareceram. Além disso, Maria Lúcia vivia em constante mau-humor. “A maioria das pessoas tinha dificuldade em conviver comigo”, lembra. Ela passou por uma polissonografia (método que avalia a qualidade do sono e suas variáveis fisiológicas) que detectou um alto nível de estresse, além de fibromialgia (dor crônica nas articulações) e bruxismo (ranger os dentes durante a noite). “Tive também sérias alterações hormonais, tudo por causa do estresse e de dormir pouco”, reconhece à empresária.
Círculo vicioso:
Segundo a neurofisiologista Olga Judith Hernandéz Fustes, o estresse causa um círculo vicioso para o sono. “A pessoa estressada fica com dificuldades para dormir e a falta de sono deixa o paciente ainda mais nervoso”, esclarece, salientando que é importante ficar atento e procurar ajuda antes que o problema se torne crônico. Além disso, a falta de sono pode causar danos irrecuperáveis para a memória. A irritabilidade que afetava a empresária é característica das poucas horas de descanso. “O mau sono causa alterações em hormônios importantes para a estabilidade do humor, como a melatonina e serotonina”, explica a médica. Além disso, a apneia do sono (interrupções na respiração) e algumas lesões na memória podem afetar mais facilmente pessoas que sofrem estresse sistemático. Com efeito, a falta de oxigênio durante a parada respiratória pode lesionar neurônios. “Por isso, ao sinal de qualquer alteração, é importante procurar ajuda médica”, alerta Dra. Olga Fustes. Detectado o problema, Maria Lúcia começou a tomar medicamentos para controlar o estresse e melhorar seu sono. Porém, teve que, principalmente, diminuir o ritmo das suas atividades. “Fiquei alguns dias em casa para me acostumar com o medicamento, passei a fazer yoga e tentar não me sobrecarregar de trabalho”, conta ela, que nunca dividia as tarefas nem reservava um tempo para o lazer. “Uma hora o corpo não aguenta, precisa desacelerar na marra”. As alterações no sono, explica Dra. Olga, não estão diretamente relacionadas ao tempo que se passa dormindo. Assim, algumas pessoas precisam de mais tempo de sono, outras de períodos mais curtos. “O mais importante é a qualidade do sono e a atenção às alterações de humor e na saúde, que podem indicar alguma anormalidade”, constata. Os sintomas do estresse dependem do tipo de personalidade, pois o impacto dessas situações atua diferentemente em cada pessoa. Fadiga, alterações de sono e humor, mudança de apetite, dores musculares, falta de concentração e esquecimento são comportamentos que merecem atenção.
A clínica realiza palestras gratuitas sobre distúrbios do sono para:
• Técnicos de polissonografia; • Fonoaudiólogos; • Acupunturistas; • Fisioterapeutas.
Reportagem Retirada da Revista Corpore de Julho de 2008.