É para tomar sol ou para evitar o sol? “O sol pode provocar câncer”, escutamos de médicos e nas redes sociais. Por outro lado, estamos suplementando vitamina D porque não temos o suficiente, e, por último, só na escuridão que produzimos melatonina, nosso hormônio do sono.
Então, o sol é herói ou vilão nesta história? Saio para pegar o sol, fico em casa, uso protetor, faço o quê?
Eu vou falar do ponto de vista do sono, e, na verdade, o que tem em comum sol, vitamina D e melatonina é o sono.
Sempre falo para meus pacientes que a melatonina precisa de escuridão para ser produzida, e isso é verdadeiro. Porém, a melatonina que nos provoca sono e que é produzida pela glândula pineal na escuridão é apenas 5% de toda a nossa melatonina.
Temos outras fontes de melatonina: alimentação (cereja, banana, nozes, peixe e leite); a microbiótica também! Isso mesmo, os vírus, bactérias e fungos que habitam no nosso trato intestinal, na nossa boca, nariz e até na vagina também produzem melatonina.
Todas as nossas células, por meio das mitocôndrias, também produzem melatonina. E aqui vem a parte mais interessante: elas utilizam um tipo de raios infravermelhos, ou seja, o sol também ajuda na produção da melatonina.
Agora, esses raios são do sol de manhã cedo ou do final da tarde, diferentes dos raios ultravioletas que nos ajudam a produzir vitamina D, os quais são mais fortes perto do meio-dia.
E sim, a vitamina D também é importante para o sono; a deficiência dela está relacionada com baixa eficiência e má qualidade do sono. Só que curiosamente, ela não deve ser ingerida à noite, pois tomada nesse horário pode inibir a melatonina.
Além disso, é curioso que a melatonina e a vitamina D compartilham algumas funções, como antioxidantes, anti-inflamatórios e reguladores da imunidade, crescimento ponderal, ósseo e muscular.
Dentro dos raios infravermelhos, está o raio infravermelho próximo (near), o qual está mais relacionado com a produção da melatonina. E essa melatonina tem um poder antioxidante muito grande, inclusive o maior do nosso corpo. Por outro lado, o excesso dessa melatonina, que é produzida com a ajuda do sol, pode ser utilizada também para o sono à noite.
A maior parte dos raios produzidos pelo sol são os infravermelhos (50%), contra aproximadamente 10% de ultravioletas e 40% da luz visível, onde encontramos a luz azul das telas, que tanto reduzem nossa produção de melatonina.
Os seres humanos passam 93% do tempo sob luz artificial e na frente de telas, as quais não emitem raios infravermelhos próximos. A luz de LEDs não emite nenhum infravermelho próximo; pelo contrário, fontes incandescentes emitem 90% da sua energia em infravermelho próximo, assim como o fogo e velas. Faz sentido voltar às cavernas?
Então, podemos dizer que tomar sol cedo, além de ser uma fonte de energia importante, nos protege dos radicais livres, sendo um potente antioxidante, e nos ajuda a dormir.
Faça uma poupança de melatonina pegando sol cedo de manhã e ficando na escuridão à noite. A melatonina que você produz pelos raios infravermelhos te protege dos efeitos nocivos dos raios ultravioletas que você pega mais próximo do meio-dia.
Para mais informações, procure um especialista em medicina do sono.